
O que é o “ALPHA – zesumme wuessen”?
O “ALPHA – zesumme wuessen” é uma reforma importante no sistema escolar luxemburguês. Ela permite aos alunos aprender a ler, a escrever e a fazer contas no ciclo 2 na língua que eles compreendem melhor: o alemão ou o francês, tendo em conta a sua situação familiar ou linguística.
O “ALPHA – zesumme wuessen” é uma verdadeira oportunidade para muitas crianças no Luxemburgo.
Uma oportunidade para o futuro deles, com um bom começo no seu percurso escolar.
Como funciona o ALPHA?
Testemunhos
Perguntas e Respostas Frequentes
O que significa “alfabetização”?
A alfabetização é o processo de aquisição das competências de leitura e escrita, que permite a um indivíduo compreender e produzir textos escritos. A alfabetização numa língua compreendida pela criança é uma base fundamental para a aprendizagem futura, a integração social e o sucesso escolar. Ela promove o desenvolvimento cognitivo e a comunicação verbal dentro de uma determinada cultura. Portanto, não se deve confundir alfabetização com aprendizagem de uma língua.
Porquê introduzir duas vias de alfabetização (em francês ou em alemão)?
A diversidade linguística do país exige uma resposta mais diferenciada aos perfis linguísticos dos alunos para garantir a igualdade de oportunidades a todos os alunos. A reforma pretende oferecer a cada criança uma aprendizagem acessível e motivadora desde o início do percurso escolar.
Será que apenas os alunos francófonos podem ser alfabetizados em francês?
Todos os alunos podem ser alfabetizados em francês, desde que esta língua esteja suficientemente presente no seu meio ambiente para a tornar um vetor de aprendizagem eficaz. Não é a nacionalidade ou a língua dos pais que determina a escolha, mas sim o perfil linguístico da criança. A orientação faz-se num diálogo entre pais e professores, em função das competências linguísticas da criança e da(s) língua(s) familiar(es) para ela. As recomendações emitidas pela equipa pedagógica orientam os pais na sua escolha.
Será que os alunos luxemburgueses correm o risco de ficar em desvantagem?
Não, os alunos luxemburgueses não terão qualquer desvantagem. O seu percurso escolar manter-se-á nas mesmas condições que antes. Pelo contrário, poderão até beneficiar de um ambiente de turma mais dinâmico, resultante da maior motivação dos colegas que não se sentem tão à vontade com o alemão nas disciplinas consideradas secundárias, o que poderá vir a enriquecer as interações e reforçar a coesão dentro da turma.
Como é que os pais são acompanhados na sua escolha?
Os pais beneficiam de um acompanhamento próximo ao longo do processo de orientação, nomeadamente através de reuniões de informação e de reuniões individuais com os professores, que acontecem na altura da entrega das avaliações intermédias. Os professores orientam os pais na sua escolha para que a escolha da língua de alfabetização se baseie nas competências linguísticas reais do aluno e não em preferências pessoais ou sociais.
É possível mudar a língua de alfabetização durante o percurso?
Em princípio, a decisão dos pais relativamente à língua de alfabetização é definitiva. No entanto, algumas situações específicas, por exemplo, as dos alunos com necessidades socioeducativas especiais (EBS) ou de recém-chegados, podem exigir uma abordagem mais flexível. Qualquer pedido de reorientação deve ser analisado caso a caso, em acordo com a direção de região e, se necessário, com base num processo validado pela Comissão de Inclusão (CI).
Existem orientações específicas para os alunos com necessidades educativas especiais (EBS)?
Cada situação é analisada individualmente com o acompanhamento e o apoio das equipas ESEB.
Os alunos alfabetizados em francês também vão aprender o alemão?
Sim. Todos os alunos têm uma aprendizagem progressiva das três línguas oficiais (luxemburguês, alemão, francês), seja qual for a sua língua de alfabetização. A língua alemã é ensinada nos grupos ALPHA FR a partir do ciclo 2. É uma aprendizagem oral. A partir do ciclo 3, o número de aulas de alemão aumenta para os grupos ALPHA FR para garantir um bom equilíbrio entre as duas línguas. No ciclo 4, o número de aulas de alemão e de francês é idêntico.
Porque é que o número de aulas em francês e em alemão é igual no ciclo 4, apesar dos alunos terem sido alfabetizados em línguas diferentes?
A partir do ciclo 3, cada grupo beneficia de um reforço na língua que não foi escolhida para a alfabetização. Desta forma, os alunos do grupo ALPHA FR investem mais tempo na aprendizagem do alemão e os do grupo ALPHA DE na aprendizagem do francês. A partir do ciclo 4, os grupos ALPHA deixam de existir; os alunos frequentam as aulas juntos na sua turma. O ciclo 4 pretende consolidar as competências nas duas línguas.
Porque não trabalhar com 2 cursos FR/DE, em vez de os querer juntar novamente no C4?
A reforma visa preparar os alunos da melhor forma para a realidade do país, assim como para a sua passagem para o ensino secundário. Para isso, é essencial criar bases sólidas em francês e em alemão. O objetivo não é criar duas trajetórias distintas nestas línguas, mas sim promover uma alfabetização numa língua que é familiar para o aluno e ajudá-lo a desenvolver as suas competências nas duas línguas. Conforme é destacado no título da reforma “ALPHA - zesumme wuessen”, o objetivo passa por valorizar o multilinguismo e por reforçar a diversidade dos grupos escolares, garantindo espaços de aprendizagem partilhados que vão além das diferenças ligadas à língua de alfabetização. Os alunos crescem juntos na sua turma e juntam-se para a aprendizagem das línguas alemã e francesa e, eventualmente, da matemática no respetivo grupo de alfabetização. Esta organização favorece o convívio e contribui para o desenvolvimento da coesão social logo nos primeiros anos de escolaridade.
É realista esperar que todos os alunos tenham um nível equivalente em francês e em alemão no final do ciclo 4?
O objetivo da reforma é que todos os alunos atinjam um domínio funcional e equilibrado das duas línguas no final do ciclo 4. O desafio consiste em atenuar as diferenças de nível observadas entre o francês e o alemão no final do ciclo 4. Isto não significa que cada aluno terá exatamente o mesmo nível nas duas línguas, mas sim que cada um poderá frequentar com sucesso os percursos propostos no ensino secundário, seja qual for o seu percurso de alfabetização.
Qual é o papel da língua luxemburguesa?
O luxemburguês mantem-se um pilar central do sistema educativo. É simultaneamente língua de socialização, língua de ensino em muitas disciplinas (introdução às ciências, atividades artísticas e desportivas, vida e sociedade) e língua de integração na escola luxemburguesa. Constitui uma ligação comum entre todos os alunos, seja qual for o seu percurso linguístico. Além da escola, continua a ser a língua de integração social e cultural no Luxemburgo. Por isso é que a sua aprendizagem é reforçada ao longo do percurso escolar independentemente da língua de alfabetização escolhida.
Como é feita a organização das turmas e dos grupos ALPHA?
O princípio de diversidade mantém-se prioritário na composição das turmas. Nestas turmas, os alunos estão misturados independentemente da sua língua de alfabetização. No entanto, em determinadas alturas, juntam-se aos respetivos grupos ALPHA para aprender a ler e a escrever e para desenvolver as suas competências linguísticas. A matemática pode ser ensinada tanto nas aulas como nos grupos ALPHA.
Existe um número mínimo de alunos para formar um grupo ALPHA?
Nenhum limite mínimo é imposto. Até mesmo um único aluno tem o direito de ser alfabetizado na língua escolhida. No interesse pedagógico do aluno, pode considerar-se o reagrupamento por ciclos, mas não é imposto. Por isso, é possível criar um pequeno grupo ALPHA se o número de alunos for reduzido. No entanto, por motivos de gestão e eficácia pedagógica, estas situações devem manter-se excecionais.
Em que língua é ensinada a matemática?
No ciclo 2 e 3, a matemática é ensinada na língua de alfabetização escolhida (alemão ou francês). Em função do modelo escolhido pela escola, este ensino pode decorrer:
em grupos ALPHA (grupos de língua homogéneos);
na turma, com uma alternância entre o alemão e o francês.
Esta segunda opção, atualmente testada no âmbito do projeto-piloto, permite salvaguardar a diversidade do grupo-turma. A partir do ciclo 4, a matemática é sistematicamente ensinada no grupo-turma, recorrendo às duas línguas (alemão e francês). O material “Mathi”, desenvolvido pelo SCRIPT, é proposto em duas versões equivalentes, em alemão e em francês, para responder às necessidades dos dois grupos ALPHA.
Em que língua são ensinadas todas as outras disciplinas que não as línguas?
Nas áreas relativas à introdução às ciências, às ciências naturais e humanas, à aula de vida e sociedade, à expressão corporal, à psicomotricidade, ao desporto e à saúde, à introdução à estética, à criação e à cultura, às artes e à música, podem ser usadas como línguas de ensino orais as três línguas oficiais (luxemburguês, alemão e francês). Esta flexibilidade permite aos professores adaptar a sua prática pedagógica em função das necessidades dos alunos e do contexto linguístico local.
O que fazer se um aluno mudar de escola ou, até, de “commune”?
A língua de alfabetização escolhida no ciclo 1 continua a ser respeitada. O aluno continua o seu percurso de aprendizagem na língua de alfabetização. A reforma garante o direito a um percurso coerente numa ou na outra língua em todo o país. Em caso de mudança de residência, as direções regionais garantem a coordenação, em concertação com a escola de acolhimento, para que o aluno possa integrar um grupo ALPHA correspondente na nova escola ou “commune”.